O Brasil se tornou o maior produtor mundial de carne bovina, ultrapassando pela primeira vez os Estados Unidos. Esse marco refor?a a importancia do país sul-americano no mercado global de alimentos e consolida seu papel estratégico como fornecedor-chave para grandes consumidores como a China.

Segundo dados divulgados recentemente pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, em inglês), a produ??o brasileira de carne bovina atingiu 12,35 milh?es de toneladas neste ano, representando um crescimento de cerca de 4% em compara??o com 2024 e um volume quase 5% superior ao dos Estados Unidos, cuja produ??o foi estimada em 11,81 milh?es de toneladas.

Com esse resultado, o Brasil n?o só mantém sua posi??o como o maior exportador mundial de carne bovina, como também assume a lideran?a em produ??o, uma combina??o que fortalece sua competitividade em um contexto de desacelera??o projetada no comércio internacional da proteína.

Em declara??es à Xinhua, a analista Mónica Louren?o, da consultoria especializada Trendagro, observou que o desempenho do Brasil surpreendeu o mercado. "No início de 2025, muitos analistas previam uma queda na produ??o, mas o setor conseguiu expandir a oferta gra?as a melhorias na produtividade, principalmente devido ao aumento do peso médio da carca?a", afirmou.

Segundo dados do setor, o desempenho animal atingiu níveis recordes em setembro, quando o peso médio dos machos abatidos chegou a 303 quilos, impulsionado pelo maior uso de tecnologia na alimenta??o e no manejo do gado. Esse fator permitiu que a produ??o mensal ultrapassasse a marca de um milh?o de toneladas pela primeira vez.

Enquanto o Brasil progredia, a indústria pecuária dos EUA enfrentava dificuldades estruturais. O USDA atribui o declínio na produ??o americana ao menor tamanho dos rebanhos, que está no nível mais baixo desde a década de 1970, além dos impactos das mudan?as climáticas e do aumento dos custos de produ??o.

Para 2026, a agência americana projeta um cenário de empate, com uma produ??o estimada em 11,7 milh?es de toneladas para o Brasil e os Estados Unidos. No entanto, Louren?o disse à Xinhua que essa previs?o pode subestimar o potencial do Brasil.

"Mesmo com volumes estáveis, o Brasil teria potencial para retomar a lideran?a, porque ainda há espa?o para melhorar o desempenho animal e os pre?os têm apresentado uma tendência positiva", explicou.

O progresso do Brasil é especialmente relevante para a China, o maior importador mundial de carne bovina. Nos últimos anos, o mercado chinês tem sido o principal destino das exporta??es brasileiras, e a maior capacidade produtiva do país sul-americano ajuda a garantir o abastecimento em um contexto de volatilidade global e ajustes na oferta de outros grandes produtores.

Segundo a analista Louren?o, "a estabilidade sanitária, a escala de produ??o e a competitividade de custos colocam o Brasil em uma posi??o privilegiada para atender à demanda chinesa, mesmo em um cenário de possível redu??o das exporta??es globais em 2026". De acordo com o USDA, a produ??o global de carne bovina atingirá um recorde de 61,9 milh?es de toneladas em 2025, mas a expectativa é de que caia para 61 milh?es de toneladas em 2026, enquanto as exporta??es globais devem diminuir 1%. Nesse contexto, a capacidade do Brasil de manter sua produ??o refor?a seu papel como fornecedor confiável.

Além disso, o país se beneficia de um ambiente sanitário favorável, estando livre de doen?as como a gripe aviária, a peste suína africana e a língua azul, fatores que aumentam seu apelo para mercados exigentes como o da China.

Para especialistas, a lideran?a do Brasil na produ??o de carne bovina confirma a consolida??o do país como um dos maiores produtores de alimentos do mundo, com capacidade para desempenhar um papel fundamental na seguran?a alimentar global e, em particular, no abastecimento da China nos próximos anos.