
Após cinco horas de negocia??es no domingo (14), as conversas entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e representantes dos Estados Unidos sobre um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrania foram retomadas em Berlim, Alemanha, na segunda-feira (15). Zelensky afirmou que Kiev estava disposta a desistir de sua candidatura à OTAN em troca de garantias de seguran?a dos EUA e da Europa.
As negocia??es prosseguiram na Chancelaria alem? depois que o enviado dos EUA, Steve Witkoff, declarou no domingo que "muito progresso foi feito" nas discuss?es rumo a um possível acordo para p?r fim ao conflito mais mortal da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
A declara??o de Zelensky sobre a ades?o à OTAN representou um recuo em rela??o à sua posi??o anterior de que a Ucrania deveria se juntar à alian?a militar, cuja expans?o nas últimas três décadas é citada por Moscou como uma das raz?es para o início do conflito em 2022.
"Desde o início, o desejo da Ucrania era ingressar na OTAN, pois estas s?o garantias de seguran?a reais. Alguns parceiros dos Estados Unidos e da Europa n?o apoiaram essa dire??o", disse Zelensky a jornalistas no mesmo dia.
“Garantias semelhantes ao Artigo 5o, vindas dos Estados Unidos e de parceiros europeus, bem como de outros países — Canadá, Jap?o... —, proporcionariam uma oportunidade (para evitar novos conflitos)”, disse Zelensky. Isso “já era um compromisso da nossa parte”, acrescentou.
Zelensky deveria se reunir com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, o chanceler alem?o Friedrich Merz e outros líderes europeus em Berlim ainda na segunda-feira (15).
A Reuters informou que ainda n?o estava claro o quanto havia de progresso em quest?es-chave, incluindo o futuro do território ucraniano, e em que medida as negocia??es em Berlim poderiam influenciar a Rússia a favor de um cessar-fogo.
Na segunda-feira, o Kremlin afirmou que a n?o ades?o da Ucrania à OTAN é uma quest?o central nas negocia??es sobre um possível acordo de paz. “Naturalmente, essa quest?o é uma das pedras angulares e, claro, está sujeita a discuss?es especiais”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas. Peskov acrescentou que a Rússia espera uma atualiza??o dos EUA após as negocia??es em Berlim.
As negocia??es ocorrem numa semana crucial para a Uni?o Europeia, com uma cúpula marcada para a próxima quinta-feira que decidirá se o bloco apoiará um grande empréstimo à Ucrania, utilizando ativos congelados do Banco Central da Rússia.
“O mais importante para nós agora é garantir que possamos financiar a Ucrania”, disse o ministro das Rela??es Exteriores da Dinamarca, Lars L?kke Rasmussen, em Bruxelas.
“Precisamos tomar uma decis?o para garantir que a Ucrania esteja em condi??es de continuar sua luta pela liberdade e mostrar ao resto do mundo que a Europa é um ator forte. Caso contrário, cederemos à imagem pintada pelo presidente americano, de que a Europa é fraca.”
O presidente da Finlandia, Alexander Stubb, que colocou Zelensky em segundo plano na segunda-feira, antes da continuidade das negocia??es com os EUA, demonstrou um otimismo cauteloso.
“Acho que estamos em um momento crítico nas negocia??es de paz”, afirmou ele no domingo. “E, ao mesmo tempo, provavelmente estamos mais perto de um acordo de paz do que em qualquer outro momento destes quatro anos.”
Stubb afirmou que três documentos-chave estavam sendo preparados nas negocia??es: um esbo?o para um plano de paz de 20 pontos, um sobre garantias de seguran?a para Kiev e um terceiro sobre a reconstru??o da Ucrania.