
O ex-presidente norte-americano Jimmy Carter escreveu um artigo sobre seu la?o pessoal com a China e comentários sobre a visita do presidente Xi pelos EUA
Fiquei fascinado pela China desde a minha primeira visita a Qingdao em 1949, muito pouco antes da República Popular da China ter sido fundada, a 1 de outubro, no meu 25o aniverário.
Eu era governador da Georgia quando o presidente Nixon fez a sua visita histórica à China em 1972, e fiquei algo desapontado com a falta de iniciativas para estabelecer rela??es diplomáticas entre os dois países. Eu viria a tornar isso numa prioridade quando me tornei presidente, tendo iniciado as negocia??es com os líderes chineses. Esses esfor?os, provaram ser profícuos quando o vice primeiro-ministro Deng Xiaoping e eu anunciamos a 15 de dezembro de 1978, que o reconhecimento mútuo completo teria lugar no início do ano seguinte. Ele anunciara três dias depois que reformas dramáticas teriam lugar no seu país, e que este seria gradualmente aberto ao exterior. Poucas pessoas teriam antecipado que estas duas decis?es iriam afetar t?o drasticamente a comunidade global.
Desde que me retirei, tenho feito várias visitas à China, e tenho sido bem recebido pelos seus líderes políticos de topo, pelo setor privado, e por cidad?os comuns em várias comunidades. O Centro Carter tem sido requisitado pelo governo para realizar fun??es importantes, como a implementa??o e avalia??o de elei??es democráticas em 600,000 aldeias chinesas (que contabilizam uma popula??o de dois ter?os do total do país). Agora trabalhamos para reduzir os preconceitos existentes em ambas as na??es uma para com a outra, através de fóruns para melhorar o relacionamento dos países e de encontrar meios que permitam aos EUA e à China manter a paz e apoiar o desenvolvimento de outras na??es, especialmente em áfrica.
Durante os meus quatro encontros com o presidente Xi Jinping em anos recentes, ele frisou, tal como Deng Xiaoping o fizera, a necessidade dos nossos líderes políticos de se respeitarem mutuamente e de cooperarem sempre que possível, apesar das diferen?as na nossa história, cultura e sistemas políticos. Tem sido desde há muito recorrente a existência de potenciais líderes políticos que, para seu próprio benefício, culpam o outro país por problemas domésticos e tentam exacerbar as diferen?as inerentes entre as duas na??es.
Tal como os EUA, a China enfrenta sérios problemas domésticos. O país está a debater-se para melhorar a qualidade de vida dos cidad?os que vivem longe da costa este, assim como para fazer a transi??o de uma economia explosiva baseada nas exporta??es para uma que tem de acomodar uma dependência crescente nos consumidores domésticos. Ao contrário do passado, o seu impacto político e económico é sentido em quase todos os cantos do mundo.
A China tem mantido um clima de paz com os seus países vizinhos e com o mundo durante os últimos 35 anos, mas a expans?o da sua influência tem trazido algumas inseguran?as, especialmente nos mares do sul e de este.
Apesar de vários dos meus sucessores, como presidente, terem feito comentários negativos relativamente às rela??es com a China durante as suas campanhas, quase todos eles foram moderados após atingirem a presidência. Tenho a certeza que a mesma situa??o existiu na China.
A primeira visita oficial do presidente Xi Jinping aos EUA vai oferecer-lhe, assim como ao presidente Obama, uma chance para explorar a forma como as duas grandes na??es podem lidar uma com a outra de forma pacífica, de igual para igual, e com mútuo respeito.
Os chineses devem perceber que a América gostaria de ver uma China pacífica, próspera e livre e que n?o queremos debilitar o seu crescimento. De igual modo, os americanos precisam de perceber que a China difere da Uni?o Soviética que enfrentamos na Guerra Fria. A China deve ser encorajada a defender e a participar na ordem internacional, governada por leis e princípios internacionais.
Embora os desafios correntes que amea?am o descarrilamento das rela??es entre os EUA e a China sejam possantes, tenho a certeza que Deng Xiaoping concordaria comigo no facto de que nenhum deles é t?o amea?ador como todos aqueles que fomos superando juntos.
Encontrar caminhos para a paz e desenvolvimento sustentado a nível doméstico e exterior s?o o núcleo das miss?es do presidente Obama e Xi. Com vários conflitos no mundo e com uma economia global ainda frágil, é a altura de ambas as na??es defenderem uma ordem global que almeje a paz e o desenvolvimento.
Os dois presidentes têm de aproveitar esta ocasi?o para fazer mais do que “concordar em discordar” com vários assuntos. Eles podem forjar um consenso que vise edificar a confian?a através da colabora??o China – EUA e que resolva os desafios globais comuns aos dois países. O nosso compromisso para responder aos problemas ambientais representa um exemplo que poucos países no mundo ter?o coragem para n?o seguir.